O que é a umbanda

Por muitos anos, uma religião cercada de preconceitos, mesmo baseando seus ritos no amor e na caridade.

A Umbanda é uma religião espiritualista brasileira, com raízes indígenas, africanas e cristãs. A Umbanda ainda traz fortes influências do esoterísmo e religião cigana.

Embora os preceitos variem de casa para casa, os preceitos fundamentais são encontrados na maioria dos lugares.

Um ponto comum é que, assim como o catolicismo, a Umbanda cultua uma fonte criadora universal, Zambi (proveniente dos mitos oriundos

principalmente das nações de culto “bantu”, como a nação Angola), sincretizado com Deus Supremo, Oxalá, sincretizado por Jesus e os orixás, sincretizados por santos católicos.

Surgimento

No dia 15 de novembro (de 1907 ou 1908 – algumas fontes divergem quanto ao ano), em Neves, São Gonçalo, o jovem Zélio Fernandino de Moraes, então com 17 anos e preparando-se para ingressar na marinha, foi acometido de uma paralisia súbita, com causa e cura desconhecida pelos médicos. Em determinado dia, o jovem ergueu-se, declarando: “Amanhã estarei curado!”

No dia seguinte, ele, de fato, voltou a andar normalmente. Os médicos novamente não souberam determinar como o jovem ficou curado. Os tios de Zélio, padres católicos, surpreendidos com a cura também não souberam explicar o fenômeno. Orientados por um amigo da família, os pais do jovem visitaram à Federação Espírita do Estado do Rio de Janeiro, na época, sediada em Niterói e dirigida por José de Souza.

O médium dirigente pediu que Zélio se sentasse a mesa. Foi quando se manifestou uma entidade, que se auto-nomeou Caboclo das Sete Encruzilhadas, anunciando o surgimento de uma nova religião: a Umbanda.

Em um determinado momento dos trabalhos contrariando as nomas, que impedem que um medium se ausente da mesa durante a sessão, o Caboclo das Sete Encruzilhadas se levanta diz que naquela mesa faltava algo e foi busca-lo.

Após poucos instantes, retornou com uma rosa branca e a pôs no centro da mesa. Esse gesto causou um princípio de polêmica, mas, logo depois, os médiuns sentados à mesa começaram a manifestar espíritos de caboclos ou indígenas e escravos.

Após a repreensão do dirigente da sessão, que se referiu a esses como “espíritos atrasados”, os guias responderam:

Afinal, porque o irmão fala nesses termos, pretendendo que esta mesa aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram quando encarnados, são claramente atrasados? E qual é o seu nome, irmão?

Em seguida, o Caboclo declara aquelas que seria o primeiro passo na formação daquilo que conhecemos como Umbanda:

Se julgam atrasados esses espíritos dos pretos e dos índios, devo dizer que amanhã estarei em casa deste aparelho, para dar início a um culto em que esses pretos e esses índios poderão dar a sua mensagem, e, assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados.

E, se querem saber o meu nome, que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim.

Primeira sessão

Casa de Zélio Fernandino de Moraes, primeira sede da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade

No dia seguinte, 16 de novembro, na residência do jovem, estavam reunidos amigos, vizinhos, desconhecidos e membros da Associação Espírita do Rio, que visavam comprovar a veracidade das palavras do dia anterior.

Conforme anunciado pelo Caboclo, pontualmente ás 8h da noite, manifestou-se o Caboclo das 7 Encruzilhadas, determinando que espíritos de luz, que já não encontravam espaço em seitas negras, deturpadas pelo comercio e feitiçaria e no espiritismo tradicional, discriminador e elitista, teriam a oportunidade de fazer a caridade (amor fraterno) e evoluir através desse trabalho.

Como era de se esperar, sacerdotes, católicos e espíritas, submeteram a entidade à prova: o Caboclo das Sete Encruzilhadas respondeu a todos, inclusive em idiomas desconhecidos ao “aparelho”, como latim, francês e alemão. Enquanto os espectadores ainda estavam estupefatos, o caboclo começa a parte prática da sessão, convidando os doentes a entrarem. De acordo com relatos da época, algumas pessoas que não andavam a anos, saíram com sua locomoção corrigida e desenganados por médicos, tiveram curas a olhos visíveis.

No dia seguinte, surgiu a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, o primeiro templo de Umbanda da história.

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